Alerta para "Depressão pós-AVC"



A depressão pós-AVC ("Acidente Vascular Cerebral" ou "Derrame") possui uma prevalência elevada, de 23 a 60%. Apesar disso, ela é pouco detectada e tratada. Achei importante postar sobre o assunto, dado a relevância dele na qualidade de vida dos pacientes. E isto porque a depressão está associada a um pior prognóstico (com aumento do tempo de internação hospitalar e prejuízo na reabilitação) e evolução, ao agravo das disfunções cognitivas.
O AVC pode provocar nos indivíduos acometidos não apenas sequelas motoras (como paralisia de um lado do corpo, dificuldade de andar ou falar ...), mas também prejuízos cognitivos (problemas na memória, capacidade de cálculo, abstração, na linguagem, ...) e psiquiátricos. Destes últimos, a depressão é a mais frequente e nem sempre reconhecida pela equipe de saúde e pelos familiares que acompanham o paciente. Ela também causa maior mortalidade, maior prejuízo no funcionamento físico e da linguagem, promovendo impacto negativo na qualidade de vida do paciente.
A origem da depressão pós-AVC é multifatorial e tem sido associada a vários fatores de risco, tais como: sexo feminino, idade mais jovem (devemos lembrar que, embora a maioria dos AVCs aconteçam com pacientes acima de 65 anos, também ocorrem em pessoas mais jovens), rede social precária, história de transtorno depressivo e de acidentes vasculares cerebrais prévios.
O reconhecimento do problema e tratamento clínico adequado melhoram o funcionamento cognitivo e facilitam reabilitação do paciente, inclusive diminuindo o tempo de permanência hospitalar.
Esta postagem funciona como um alerta aos familiares e cuidadores de pacientes com AVC: a presença de fadiga, diminuição da capacidade de concentração, insônia, diminuição do apetite, sentimento de inutilidade e desesperança podem sinalizar depressão. Reconhecer e tratar são fundamentais para melhorar a vida do paciente e facilitar sua recuperação, sua motivação para participar ativamente da reabilitação.
Portanto, lembre-se: AVC não é sinônimo de depressão!!!!! A Depressão é uma comorbidade possível em pacientes sequelados de AVC, tem tratamento, que adequadamente realizado, melhora muito a qualidade de vida dos pacientes e familiares.

Comentários

  1. Olá, minha vó hoje com 96 anos tinha uma vida ativa e fazia de tudo (lavava, passava, cozinhava) era uma pessoa super ativa. Daquelas vovós teimosas que insistem em fazer de tudo. Há exatos 3 anos teve um AVC (93 anos). Ficou internada e depois de 12 dias retornou para a casa. Teve perda de memória e hoje vive como uma criança. Chama o seu pai, quer voltar para a casa dela (o que ela mais pede) enfim. É muito bem cuidada, se alimenta bem de 3 em 3 horas e vive rodeada da família e sorrindo. Notei que de uns meses para cá está tendo mais perda de memória, não conhece algumas pessoas e tem muita muita insônia. Ela toma apenas remédio da pressão (inalopril 10mg)e uma vitamina (complexo b). O que podemos fazer para essa insônia? Como proceder? É um caso de depressao?

    ResponderExcluir
  2. Olá, minha vó hoje com 96 anos tinha uma vida ativa e fazia de tudo (lavava, passava, cozinhava) era uma pessoa super ativa. Daquelas vovós teimosas que insistem em fazer de tudo. Há exatos 3 anos teve um AVC (93 anos). Ficou internada e depois de 12 dias retornou para a casa. Teve perda de memória e hoje vive como uma criança. Chama o seu pai, quer voltar para a casa dela (o que ela mais pede) enfim. É muito bem cuidada, se alimenta bem de 3 em 3 horas e vive rodeada da família e sorrindo. Notei que de uns meses para cá está tendo mais perda de memória, não conhece algumas pessoas e tem muita muita insônia. Ela toma apenas remédio da pressão (inalopril 10mg)e uma vitamina (complexo b). O que podemos fazer para essa insônia? Como proceder? É um caso de depressao?

    ResponderExcluir
  3. Dra Juliana que ótima matéria. Tive uma experiência pessoal com minha mãe. Atualmente com 79 anos, teve o AVC hemorrágico em 2012, inicialmente com grandes prejuízos da linguagem. Foi tratada, recuperada. Mas o tempo trouxe mesmo as sequelas do comprometimento das funções intelectuais (atenção, concentração, planejamento do tempo e de atividades comuns do dia-a-dia). O que mais complica no pós avc é a conscientização tanto do paciente como dos familiares que houve mudança de cenário. Normalmente pensamos que as coisas voltam ao normal. Mas cada pessoa deve ser observada e a depressão pode mesmo aparecer sutilmente a ponto de passar despercebida. Abraços. Mariana Binda Anacleto Morais Psicóloga Clínica, em São Bernardo do Campo/SP, com trabalho em grupo com idosos, Oficina Memória Viva.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Importância da febre na pessoa idosa

Fadiga no Idoso