Panacéia das Terapias Anti-Envelhecimento
A obsessão pela juventude e beleza tem impulsionado o ser humano a busca de tratamentos "fantásticos" desde os primórdios da civilização. A busca incessante por fórmulas anti-envelhecimento tem exposto os pacientes a substâncias cuja segurança para uso em longo prazo inexiste (inclusive com aumento de risco de alguns cânceres) e eficácia ainda não foi comprovada em ensaios clínicos de relevância no meio científico.
A medicina antienvelhecimento não é reconhecida como especialidade médica no Brasil, nem nos EUA, Canadá ou União Européia. A prática de prescrição de quaisquer substâncias, seja elas hormônios, antioxidantes, vitaminas, procaína para reverter ou prevenir o envelhecimento é vetada pelo Conselho Federal de Medicina (conforme Resolução 1.938/2010), por reconhecer os riscos para a saúde, inerentes ao uso de tais substâncias.
Diversos hormônios diminuem com a idade, mas não há comprovação de que isso cause o envelhecimento. Talvez seja apenas a consequência. Pesquisas científicas comprovaram que a reposição de hormônios pode modificar algumas alterações do processo de envelhecimento, mas é incapaz de revertê-las. O hormônio de crescimento (GH) é um exemplo: pode promover um bem-estar inicial, mas os efeitos de longo prazo são ruins (dores articulares, inchaços, aumento de órgãos, síndrome do Túnel do Carpo e até precipitação de diabetes em indivíduos predispostos), aumento de massa muscular (porém sem implemento da função muscular). Já a reposição de hormônio feminino na menopausa está indicada apenas para tratamento dos sintomas do climatério, e em raros casos, para tratar osteoporose, desde que por curto período de tempo e com controle para câncer de mama e endométrio e para doenças cardiovasculares e problemas de "trombose". A reposição hormonal masculina (testosterona) é recomendada apenas se a deficiência for comprovada com a dosagem hormonal e a presença de sintomas que possam ser revertidos com a reposição, devido possibilidade de aumento do risco de câncer de próstata, de piora apnéia do sono, aumento dos glóbulos vermelhos do sangue e maior chance de eventos cardiovasculares. Já o DHEA é um hormônio produzido pelas glândulas adrenais e é precursor de outros hormônios. Existem indicações muito restritas na insuficiência dessas glândulas ou da glândula hipófise. Não retarda o envelhecimento e pode ter efeitos adversos, apesar de ser vendido como suplemento alimentar nos EUA. No Brasil, sua venda ainda não é autorizada pela ANVISA.
Portanto, alerta deve ser feito à população em relação ao uso indiscriminado desses hormônios. O envelhecimento é uma grande conquista da civilização moderna, da evolução das sociedades. Não um inimigo. Esforços devem ser direcionados à melhora da capacidade funcional para que o envelhecimento seja saudável. E isto, graças ao investimento em alimentação saudável, exercícios, combate a vícios (como tabaco e álcool), prevenção e controle de doenças, prevenção de acidentes e quedas, uso parcimonioso e com indicação médica de medicamentos, manter a mente ativa, estreitar laços familiares e sociais.
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